Um dos sobrevivente do acidente envolvendo um caminhão com gás de cozinha, um de combustíveis e um carro na BR-491 (clique), no trecho entre Alfenas (MG) e Paraguaçu (MG) contou os momentos de angústia que passou logo após a colisão. Jacques Jabes Marques estava no carro onde um homem foi carbonizado. Outras três pessoas morreram no acidente.

"Eu estava quase me entregando, lembrei da minha filha e, nesse momento eu tive um estado de lucidez", conta.

Jacques chegou a ser atendido pelos médicos, mas já recebeu alta e está em sua casa em Arceburgo, que fica a pouco mais de 100 km do local do acidente. Ele lembrou os momentos de pânico logo após a batida.

"Nós estávamos atrás de um desses caminhões e o outro caminhão nos alcançou [no momento da batida], que foi feito um 'L'. E nos levou juntamente com eles para o meio do mato. Depois de toda aquela movimentação, que o carro parou, deu um certo alívio, mas logo percebemos que do nosso lado estava um caminhão pegando fogo. E quando fomos sair, até o motorista que estava dirigindo, meu colega Pedro, gritou que estava pegando fogo e que ia explodir", conta Jacques.

Pedro Augusto Ferreira Morais tinha 22 anos e foi uma das vítimas que morreram no acidente. Ele estava no carro junto com a noiva, Maria Luiza Campos e o próprio Jacques.

"Eu tentei sair, mas o cinto estava preso. Nesse momento eu comecei a me debater bastante para sair, mas o desespero veio. Até que eu estava quase me entregando, lembrei da minha filha e, nesse momento eu tive um estado de lucidez, e eu pensei 'deve ter alguma maneira de eu sair daqui. A minha filha não vai ficar sem pai'', conta Jacques.

"Então eu tentei e consegui sair do cinto mesmo sem desprendê-lo, de forma meio deitada, em direção à outra porta que não tinha fogo. Só que a porta estava travada também. E eu comecei a bater no vidro juntamente com a minha colega Malu (Maria Luiza) que estava tentando também bater no vidro. Aí Deus me iluminou, me mostrou a maçaneta e eu consegui abaixar o vidro, o que até ajudou a respirar, porque já tinha fumaça preta e estava muito difícil para respirar", relata.


Jacques, que é técnico judiciário, trabalhava com Pedro e Maria Luiza. Logo após sair do carro, ele correu, mas voltou para ajudar os colegas que haviam ficado para trás.

"Corri bastante, mas logo depois escutei a minha colega Malu gritando. Aí voltei até avistá-la, chamei para ela correr, mas ela queria que tirasse o Pedro. Eu falei 'não tem jeito, porque está pegando fogo, vem, vem''. Mas ela não vinha, estava muito fraca. Então eu fui até ela, arrisquei e logo depois apareceram os trabalhadores rurais. Um deles a carregou até o local seguro e eu fiquei com outro, pedi para ir até mais próximo, ver se tinha extintor e não, ele voltou e falou que não tinha jeito", lamenta.

Vítimas

Quatro pessoas morreram no acidente:

Pedro Augusto Ferreira Morais, de 22 anos, era passageiro do carro e morreu no local. Era estudante de direito e voltava do estágio que fazia no fórum de Paraguaçu.

Renato Henrique de Souza, de 34 anos, era motorista do caminhão que transportava gás de cozinha e morreu no local. Ele morava em Alfenas e tinha duas filhas, uma de 11 anos e outra de 3 meses.

Alexsandro Viana Souza, era motorista do caminhão de combustível. Ele chegou a ser retirado das ferragens e socorrido pelo helicóptero do Corpo de Bombeiros, mas não resistiu.

Rodrigo da Silva Soares, era passageiro do caminhão de combustível e morreu no local.

Outras duas pessoas foram resgatadas e sobreviveram:

Maria Luiza Campos, que era passageira no carro e noiva de Pedro. Foi resgatada com fratura na perna e em alguns dedos e levada para o Hospital Alzira Velano, mas já recebeu alta.

Jacques Jabes Marques, era passageiro no carro. Foi resgatado e também já recebeu alta.

Retirada dos corpos

O trânsito precisou ser impedido nos dois sentidos para atendimento às vítimas e retirada dos veículos da pista. O trabalho de resgate dos corpos começou na quarta e continuou na quinta-feira, mas precisou ser interrompido devido ao risco de novas explosões. Os dois últimos corpos só foram retirados na manhã desta sexta-feira.

Oito mil litros de etanol ficaram no caminhão. Primeiro os bombeiros confirmaram que não existia mais risco de explosão. Depois uma espuma foi lançada sobre o tanque para garantir que não haveria mais fogo. Ainda não há um prazo para a retirada do caminhão do local.