A ordem executiva assinada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quarta-feira (30), elevou para 50% a tarifa sobre produtos importados do Brasil, com aplicação a partir de 6 de agosto, à meia-noite (horário local). A medida intensifica a incerteza no agronegócio brasileiro, que estima perdas expressivas com a redução das exportações para o mercado norte-americano.
Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a nova tarifa pode impactar em até US$ 5,8 bilhões as exportações do setor. De todos os produtos agrícolas, apenas suco de laranja, castanhas e celulose foram poupados da taxação. Os demais itens que entrarem nos Estados Unidos a partir da data estipulada sofrerão a cobrança.
Minas Gerais, maior produtor e exportador de café do país, já sente os reflexos. Em 2024, o estado comercializou 31 milhões de sacas com os EUA, gerando US$ 7,9 bilhões em receita. Com a nova tarifa, as exportações de café ao país estão paralisadas.
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Para o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o momento é de “corrida contra o tempo”. De acordo com o diretor-executivo Marcos Matos, negociações por isenções ou reduções tarifárias serão feitas individualmente, produto por produto. “Teremos de correr contra o tempo, conviver o menor tempo possível com essas taxas, tentar baixá-las e conseguir um diálogo. A grande questão é quando e como”, afirmou. Atualmente, os EUA são responsáveis por cerca de 24% das importações de café brasileiro.
O setor de carnes também foi duramente atingido. As tarifas sobre a carne bovina passaram de 26,4% para 76,4%, o que, segundo analistas e entidades do setor, inviabiliza as exportações ao mercado americano. A alternativa apontada é buscar compradores na Ásia e no Oriente Médio.
Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado, destacou a importância de mercados alternativos, como o chinês. Já Roberto Perosa, presidente da Abiec, afirmou que a tarifa impede a continuidade das exportações aos EUA, segundo maior mercado da carne brasileira. A estimativa de perdas é de US$ 1 bilhão, com a expectativa frustrada de embarcar 400 mil toneladas de carne.
A Abrafrigo projeta prejuízo de US$ 1,3 bilhão para 2025, podendo chegar a US$ 3 bilhões em 2026, caso não haja reversão da medida. O impacto abrange carne bovina resfriada ou congelada, enlatados e sebo bovino.
No setor pesqueiro, a Abipesca alerta para um colapso iminente. A associação informou que a cadeia produtiva brasileira de pescados é altamente dependente do mercado americano, especialmente em estados como o Ceará. Sem alternativas viáveis de escoamento, a entidade prevê pedidos em massa de recuperação judicial e forte impacto social e econômico nas comunidades pesqueiras.
Mais de um milhão de pescadores profissionais podem ser afetados, segundo a Abipesca. Em nota, a entidade solicitou apoio emergencial do governo federal para evitar a quebra da cadeia produtiva e preservar empregos.
Produtores de manga do Vale do São Francisco também estão entre os prejudicados. A estimativa é de uma perda de R$ 80 milhões. Paulo Dantas, diretor da Agrodan, relatou que a variedade Tommy, que representa 70% das exportações para os EUA, será a mais afetada. A preocupação é que, com o redirecionamento para a Europa, os preços despenquem devido ao excesso de oferta.
tpower – @portaltpower
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