O Sistema Único de Saúde (SUS) destinou R$ 449,8 milhões em 2024 apenas para internações hospitalares de vítimas de acidentes de trânsito no Brasil, segundo levantamento inédito realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base nos dados do Datasus.
O estado de São Paulo aparece no topo da lista, com um gasto de R$ 100.175.944,40, seguido por Minas Gerais (R$ 51.169.312,40), Rio de Janeiro (R$ 30.252.188,94), Ceará (R$ 27.125.053,69) e Paraná (R$ 24.138.420,34).
Com esse valor total, seria possível adquirir aproximadamente 1.320 ambulâncias do SAMU, o que equivale, em média, a 50 unidades por estado. A comparação chama atenção diante do Novo PAC Saúde, que prevê a entrega de apenas 350 ambulâncias para atender 5,8 milhões de pessoas. As 1.320 ambulâncias poderiam ampliar o atendimento a cerca de 22 milhões de brasileiros.
Desde 1998, os custos com internações de vítimas do trânsito vêm crescendo progressivamente. Naquele ano, o SUS gastou R$ 301,7 milhões com esse tipo de atendimento. Em 2024, o valor chegou a R$ 449,8 milhões — um aumento real de cerca de 49% em 27 anos.
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Outro fator que agrava a situação é a suspensão dos repasses do extinto DPVAT desde 2021. Antes, o seguro obrigatório direcionava 45% de sua arrecadação para cobrir despesas médico-hospitalares do SUS com vítimas de acidentes. Esses repasses ultrapassavam R$ 580 milhões anuais e eram fundamentais para desafogar o sistema de saúde pública.
A trajetória do DPVAT, no entanto, também é marcada por escândalos. Entre 2005 e 2015, ao menos R$ 2,1 bilhões foram desviados do fundo. Desses, R$ 1,7 bilhão corresponderam a indenizações irregulares e acima do valor permitido, enquanto R$ 440 milhões referem-se a gastos administrativos considerados indevidos, realizados pela Seguradora Líder — consórcio responsável pela administração do seguro.
tpower – @portaltpower
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